- Rufos, Babaloo! Eu não posso tirar os olhos por um minuto de você destroem tudo?- Perguntou Bianca para seus dois rottweilers.
Eles eram muito grandes, tinham dentes que me faziam tremer só de olhar, até porque depois da viagem para a Transilvania eu havia ficado um pouco traumatizado com dentes afiados, e os cães poderiam acabar comigo em uma única mordida. Mas os dois irmãos eram muito menos ferozes do que aparentavam, eles eram muito bagunceiros e destruíam tudo o que viam pela frente, e desta vez não fora diferente: a casinha de cachorro havia sido completamente desintegrada.
Os cães olhavam para Bianca com os curtos rabos entre as pernas. Eles sabiam que ela não era muito caridosa, mas com eles era muito mais paciente do que com algumas pessoas.
- Esta bem, seus cãesinhos levados, mas não façam de novo, esta bem? Minha mãe não vai gostar de ver isso aqui, tenho que esconder, vamos, me ajudem antes que ela apareça!- Os cachorros abanaram os rabichos, colocaram as línguas rosadas para fora e pularam em volta de sua dona como gazelas. Era um cena divertida e talvez uma das que eu mais gostasse de ver ali naquele lugar.
Bianca se abaixou para ficar na altura de Rufos e acariciou sua cabeça. Ele a abaixou de forma que seu queixo quase tocasse o chão e ficou alguns minutos assim. Depois deu outro pulo repentino e voltou a saltitar com sua irmã. Aqueles dois me faziam ter vontade de ter um cachorro, mas meus pais nunca deixariam.
Ajudei Bianca a esconder os restos de madeira que ainda estavam no chão e a dar comida para os cães. Ela era uma dona realmente muito boa para seus cachorros, era a melhor dona que eu conhecia, todos os dias ela saia para correr com os dois, ela e o pai. Algumas vezes eu até ia junto, mas só quando meus pais saiam com as minhas irmãs e demoravam para voltar. Eu adorava esses dias, Eduardo, o pai de Bianca, era muito divertido, Melissa, a mãe dela, era incrivelmente amiga da filha e Bianca, a partir do momento que a conheci, era minha melhor amiga. Aquela era a família que eu sempre sonhara em ter.
Nos despedimos de Babaloo e de Rufos e voltamos para dentro de casa. Eu e Bianca tínhamos um dom incrível para diversão, sempre encontrávamos um novo jeito de melhorar o dia.
- Vamos andar de bicicleta?- Perguntou ela antes mesmo que eu tivesse tempo de pensar.
- Bicicleta? Bem, eu não sei não...
- Por que não? É divertido e saudável, venha, vamos pegar as bicicletas, te empresto a minha e vou com a da minha mãe.
- Bianca é que eu... eu não sei andar de bicicleta.
- Não sabe? Isso é terrível! Por que? Olha, não importa, vou te ensinar, pronto, encontramos alguma coisa para fazer hoje! - Ela sorriu. O sorriso era a única coisa nela que me fazia lembrar Isabel.
- Tem razão Bell...
- Bia, Felipe, Bia, não sou a Isabel, realmente não sou.
- Desculpa Bia, você sabe, é o seu sorriso.
- Vou ficar sem sorrir agora? Ora essa, venha, vamos pegar as bicicletas.- Ela saiu na minha frente. Eu sabia que ela não gostava quando eu a confundia com Isabel, mas era muito difícil não fazer isso, eu tentava, só que aquele sorriso me impressionava.
Por que será que Bianca ficava tão nervosa quando eu a confundia com minha falecida melhor amiga? As vezes ela me assustava com algumas atitudes estranhas, eu ficava pensando se ela não era algum tipo de ser estranho como Isabel. Mas Bianca parecia tão humana... Será que ela poderia ser alguma coisa além disso? Ou a minha imaginação ainda estava me pregando peças? Era difícil responder, mas alguma coisa me dizia que a minha imaginação já havia se recuperado do choque.
Quem será que não sabe andar de bicicleta? Não me culpem, o Felipe tinha que ter alguma coisa a ver comigo!
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