segunda-feira, 8 de novembro de 2010

5- Como existem pessoas que sabem mais do que conseguem?

  - Posso entrar?- Perguntei a professora enquanto estava parado na porta da sala de aula. Ela olhou para o relógio no seu pulso e torceu o nariz.
  - Você já esta aqui mesmo, não é? Entre e me deixe continuar minha aula.- Eu entrei e me sentei no meu lugar.
  - Oi.- Falei baixinho, com a intenção de que apenas Bianca ouvisse, mas ela não respondeu.- Oi.- Repeti, um pouco mais alto, mas ela ainda não respondia, parecia estar me ignorando.- Não vai mais falar comigo agora? Só porque ouvi a conversa que teve com seu pai?- Certo, aquilo foi um pouco mais alto do que eu esperava e toda a sala parou de conversar para olhar para mim. Mas, pelo menos, agora Bianca não podia mais me ignorar.
  - Falo com você no recreio, pode ser? Nós não queremos atrapalhar a aula mais do que você já fez questão de atrapalhar.- O rosto dela estava ficando vermelho como uma cereja, o que me fez dar um leve sorriso, e ela ficou ainda mais nervosa.
  - Que foi? É engraçado quando você fica vermelha assim.
  - Engraçado vai ser a briga que vamos ter seu melhor amigo espião!- A turma inteira estava formando uma pequena roda em volta de nós dois, como se esperassem uma boa briga dentro da sala. Eu não queria brigar com minha melhor amiga, mas ela estava com muita raiva de mim, se não fosse a professora interromper teríamos uma briga feia dentro de alguns segundos, mas a professora salvou, por mais algum tempo, a nossa amizade.
  - Certo crianças, já chega, por que não conversam no recreio? Vai ser muito melhor para todos. E, por favor, mantenham-se vivos. Agora, se me dão licença, vou terminar minha aula.- E assim foi, até a hora do recreio não nos falamos, os professores entravam e saiam da sala e davam suas aulas, as quais eu não conseguia prestar atenção. "Mais um problema! Por que ela é tão explosiva?" era a única coisa que eu conseguia pensar. Isabel nunca faria isso, ela não era explosiva, não escondia nada de mim, eu queria muito que ela ainda estivesse ali. Não que eu não gostasse da amizade de Bianca, mas com Isabel era diferente, era uma amizade mais intensa, não era assim com Bianca, ela era muito explosiva, qualquer coisa era motivo para gritos e brigas. Não era fácil ser tão amigo de alguém assim.
  O sinal do recreio tocou e Bianca saiu como um foguete pela porta. Corri o máximo que consegui e mais um pouco para alcança-la e consegui. Segurei um dos seus braços com força e a obriguei a parar.
  - O que é? O que é dessa vez? Vai falar mais alguma coisa?
  - Vou.
  - Ah vai? Pois então diga, quero ver quanto tempo vai durar depois.
  - Vim pedir desculpas, esta bem? Mas é que é difícil conviver com você, Bia.
  - Então volte pra Isabel, aposto que o túmulo dela vai ser um ótimo lugar e o fantasma da vampirinha um grande amigo.
  - Vampirinha? Como assim?- Ela sabia? Isso não era possível. Eu nunca tinha dito nada sobre isso, nunca tinha nem insinuado algo parecido, como ela sabia?
  Bianca apertou os lábios e fechou os olhos fortemente, em seguida, resmungou algo como "OPA" e continuou:
  - Eu... eu tenho que ir, Felipe, não estou me sentindo bem e...- Eu apertei o braço dela com mais força.
  - Não, não, não mocinha. Agora você vai me dizer tudo o que sabe e como sabe. Vou tolerar a crítica que você fez de Isabel, mas é melhor que você me diga alguma coisas.

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