terça-feira, 12 de outubro de 2010

13- Quase morto pela segunda vez

   Sara demorou alguns minutos para se acostumar com a ideia de Isabel ser uma vampira, mas logo voltou a agir normalmente. Ela devia saber que a amiga não lhe faria mal algum.
  Voltamos a caminhar pela rua principal. A neve havia sido empurrada para a calçada, então o caminho estava livre, mas eu estava com muito frio mesmo sem tocar na neve, afinal, Sara estava com o meu casaco. Era difícil usar apenas uma blusa de manga comprida, uma calça jeans e um tênis em um frio como aquele. Meus dedos estavam congelando e eu não conseguis senti-los, por isso resolvi não mexer com eles, meu nariz estava tão frio que poderiam me confundir com um vampiro a qualquer momento, meus dentes se batiam e eu estava tremendo, mas pelo menos Sara estava quentinha.
  Caminhamos alguns metros enquanto conversávamos coisas sem sentido, algumas, entre eu e Isabel, eram um pouco mais sérias, mas eram interrompidas por Sara perguntando "do que vocês estão falando?", realmente uma graça.
  Isabel parou no meio do caminho de novo, da mesma maneira que quando achamos Sara.
  - O que aconteceu?- Perguntei, esperando não ouvir "vampiros"
  - Vampiros.- É, era melhor eu me acostumar com a ideia.- Muitos deles. Não sei se vou conseguir, mas de qualquer forma, fiquem escondidos, não quero que se machuquem.
  - Sara, fique ali naquela ruazinha, esta vendo?
  - Aquela bem escura?
  - É. Me desculpe, mas não posso deixar Isabel aqui sozinha, vou ficar com ela, mesmo que seja preciso morrer para isso.
  - Felipe, você é louco? Sabe que é perigoso.
  - Sei disso, mas duas cabeças pensam melhor do que uma, não é?- Pisquei um dos olhos para ela. Ela tentou ficar brava, mas não conseguiu esconder um sorriso.
  Sara não demorou muito para se esconder, ela não queria ver mais daqueles "bichos dentuços". Eu a Isabel ficamos ali, parados no meio da rua, esperando que os vampiros chegassem, coisa que não demorou muito, porque logo um grupo de adolecentes, mais ou menos de 16 anos,  todos vestidos de preto, surgiram alguns metros a nossa frente.
  Eles vieram mais para perto, sem nenhum medo de Isabel, e muito menos de mim, afinal, eles eram 5 ou 6, nós éramos dois. Haviam apenas duas garotas, uma tinha cabelos loiros e curtos, mais ou menos na  altura do pescoço, a outra tinha cabelos castanhos e cacheados que caiam na sua cintura. Os garotos eram três, um loiro com olhos azuis avermelhados, outro com cabelos pretos e lisos e os olhos completamente vermelhos, e o terceiro chagava a ser parecido comigo: cabelos castanhos, algo entra o liso e o ondulado, olhos castanho esverdeado, altura mediana, um pouco mais baixo que os outros dois, mas mais alto que as duas garotas.
  - Ora, ora, veja quem temos por aqui, a senhorita Isabel   . Como você tem coragem de aparecer?- Disse o garoto de cabelos pretos.- E trouxe um amiguinho.- Ela mostrou as presas para mim e fez aquele chiado estranho.
  - Matheus, não toque nele!- Disse Isabel, se colocando na minha frente.
  - Calma priminha. Achei que você tivesse resolvido ser legal e reatar os vínculos com a família, mas se você não quer dividir o jantar, acho que vamos ter que pegar.- Ele parecia calmo, como se aquilo não fosse uma coisa nova. Eu demorei um pouco para perceber, mas o suposto "jantar" era eu. Que ótimo. E o vampiro que estava achando que eu era o jantar, era primo da minha melhor amiga? Mas que estranho.
  - Para, você sabe que ele não é seu jantar.
  - Priminha, você só esta dificultando as coisas. Mas, acho que Vanessa já é forte o bastante para cuidar de você, certo querida?- Ele se virou para a garota de cabelos castanhos. Eu não podia acreditar que aquela era a Vanessa de quem Isabel me falara. Não me parecia muito real. A garota olhou para Isabel, apertou os lábios e, em seguida, mostrou os dentes e os olhos vermelho- cereja. Ela ficava ainda mais bonita daquele jeito, mas também ficava ainda mais assustadora.
  - Vanessa! Vanessa, sou eu, lembra? Isabel!- A garota não parou, continuou na direção de Isabel, sem nenhuma pena. E Matheus vinha na minha direção, eu não sabia o que fazer, apenas fiquei parado ali, como uma estatua.
  Isabel também parecia assim, não mexia nenhum músculo. Eu sabia que ela não ia lutar contra Vanessa,  e Matheus também sabia disso.
  Ele estava muito perto de mim, a qualquer momento poderia me transformar em comida para vampiro. Ele parou um segundo, passou um dos dedos nas presas, para ver se estavam afiadas, e "chiou" para mim. Agora ele estava vindo muito mais rápido na minha direção, se antes ele estava perto, agora estava quase grudado.
  Achei que fosse me matar naquele momento, mas Vanessa surgiu de repente e o empurrou para longe. Eu não sabia o que ela estava fazendo, mas salvou a minha vida e isso já era o suficiente.
  - Vocês tem que sair agora mesmo daqui. Nada vai acontecer comigo, mas se não correrem, alguma coisa vai acontecer com vocês. Corram.- Isabel segurou o meu braço e me puxou até a rua onde Sara estava. Nós a chamamos a continuamos correndo, até estarmos ha uma distância segura daquele grupo estranho. Eu nunca mais queria estar em uma situação como aquela.

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