Acordei no outro dia achando que tudo aquilo fora só um sonho, mas então vi uma foto de Isabel e eu no meu criado mudo. Eu nunca mais veria minha amiga novamente.
Coloquei o uniforme e caminhei sozinho até a escola. Eu estava pensando em muitas coisas ao mesmo tempo, estava pensando em tudo o que eu poderia ter feito e não fiz, fiquei me culpando por não ter impedido ela de fazer aquela besteira, me culpei por ter aceitado aquela viajem. Se nós não tivéssemos feito ela, Isabel ainda estaria ali quando eu chegasse na escola, sentada no seu banco favorito, lendo um livro ou falando com algum amigo, mas ela estaria ali, eu poderia abraça-la ou simplesmente ver o seu lindo sorriso.
Entrei na escola, me sentei naquele mesmo banco do dia em que a conheci e fiquei olhando os carros, na esperança de ver a BMW parando na frente da escola e a linda garota de cabelos negros e reluzentes descendo do carro com sua mochila vermelha. Ah Isabel, você vai fazer falta.
O sinal tocou, mas eu não queria entrar, não queria chegar lá e ver que o lugar dela estava vago. Era muito difícil me acostumar com a ideia de perde-la, era muito difícil esquece-la.
- Felipe.- Chamou a professora de espanhol. Ela se abaixou na minha frente e disse:- Eu fiquei sabendo da sua amiga. É difícil para todos nós, eu imagino que deve ser muito mais difícil para você. Quando eu tinha a sua idade, minha melhor amiga morreu em um acidente de transito, eu fiquei muito triste, cheguei a entrar em depressão, mas depois percebi que a vida continua, que eu nunca iria me esquecer do que aconteceu, mas que tinha que seguir em frente. Isabel não iria gostar se visse você aqui sozinho, não é? Ela gostava de te ver feliz.
- Ela morreu na minha frente.- Soltei. Eu precisava contar isso para alguém. Sara estava em Portugal com o pai dela agora, Vítor não se lembrava de nada, minha família não teria tempo de ouvir, então eu tive que falar para a professora.
- Deve ser muito difícil para você, mas é melhor seguir a sua vida, guardando todas as lembranças boas que você tem dela, que com certeza são muitas. Ela era realmente incrível e gostava muito de você. Venha, vamos para a sala.- Ela se levantou e me ajudou a levantar também, nós fomos até a sala de aula e eu me sentei em meu lugar, meu lugar solitário.
O mundo continuava, eu não conseguia entender como, para mim, tudo tinha parado, tudo estava acabado, nada mais existia, então por que os outros continuavam vivendo como se nada tivesse acontecido? Eu já não conseguia mais fingir que ela ainda estava viva em algum lugar, minha cabeça me obrigava a encarar a verdade. Será que ela realmente estava mais feliz agora? Será que ela realmente fez aquilo porque quis? Aceitar era o mais difícil, era pios do que simplesmente perde-la. Se ela tivesse se mudado, seria muito mais fácil, porque eu saberia que algum dia eu a veria de novo, ou pelo menos, eu poderia falar com ela.
Adeus Isabel.
Eu queria que ela voltasse por, pelo menos, alguns minutos, para que pudesse me despedir e dizer tudo o que precisava. Mas nunca seria tempo o bastante.
"Ela disse que seria mais feliz assim. Então, se ela esta feliz, eu tenho que estar feliz." pensei. Minha cabeça achava isso, meu coração estava sentindo uma vazio impressionante. Eu sabia que aquele vazio nunca seria preenchido, mas ele poderia ser amenizado, como eu não sabia, mas com certeza poderia.
- Professora.- Chamou uma das secretárias na porta da sala de aula.- Nós recebemos uma aluna nova nessa turma. Bianca, bem vinda a sua nova sala de aula.- A garota colocou a cabeça para dentro da sala. Ela tinha cabelos cacheados, castanhos e sedosos, olhos castanhos, pele bronzeada e carregava uma mochila camuflada nas costas. Ela não era nem um pouco parecida com Isabel, mas talvez fosse a pessoa que iria amenizar o vazio no meu coração.
- Olá Bianca- Cumprimentou a professora- Você pode se sentar ali naquele lugar, esta bem?- Ela apontou para a cadeira aonde Isabel sentava e piscou para mim.
A garota foi até o meu lado e se sentou.
- Oi.- Disse ela baixinho- Qual o seu nome?
- Felipe.
- Muito prazer Felipe. Pode me dizer porque você é o único dessa fileira?
- Não sou o único, você esta aqui.- Ela sorriu e piscou para mim. Sim, era o mesmo sorriso, aquele sorriso que Isabel fazia quando ia aprontar alguma coisa. Eu me assustei, mas logo passou e resolvi deixar para lá. Se eu ia começar uma nova fase, era melhor deixar o sorriso de Isabel de lado um pouco.
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ResponderExcluirAAi guriaaa!contiua a historiaa!!Ta MTOOO legaal amigaaa!!mas tem q continuar,eu tbm nao me conformei com o final!!bjuuuus
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