O sinal do fim da aula tocou e todos os alunos saíram correndo de suas salas para ir para a casa. Eu fiquei para trás. Eu, Isabel e Vítor. O pai de Isabel viria buscá-la e eu e Vítor iríamos à pé para casa.
- Tchau meninos. Meu pai já deve estar chegando, é melhor vocês irem indo.
- Não quer que a gente espere aqui com você?
- É melhor não Felipe, meu pai não gosta muito de... de gente. Ele é legal depois que conhece, mas antes ele é um pouco antipático, é melhor eu esperar sozinha.
- Tá bom então, você é quem sabe. Tchau.
Vítor e eu saímos da escola e fomos caminhando em direção a minha casa. Vítor morava na mesma direção, por isso sempre voltávamos juntos para casa. Quando já estávamos à alguns metros da escola, Vítor disse:
- Eu não gosto dela. Sei lá, ela tem alguma coisa estranha.
- Ah, lá vem você cismar com a garota. Deixa ela, finalmente eu arranjei uma amiga.
- É sério, ela é estranha, muito estranha. Tem alguma coisa de diferente nela.
- Ela é legal, bonita e é minha amiga, é isso que tem de estranho nela, ela é minha amiga.
- Não Felipe, não é isso. Alguma coisa estranha de verdade.
- Você esta louco! A Bell é perfeitamente normal, como qualquer outra garota, só que mais legal.- Vítor revirou os olhos. Ele sabia que não me faria desistir dela tão fácil assim. Ela era a primeira amiga que eu tinha, e além do mais, eu havia lhe prometido que seriamos amigos pra sempre. Por mais que ela não se lembrasse mais dessa promessa, mas eu havia prometido e eu me lembrava.
Paramos no portão da casa de Vítor. A casa dele era realmente incrível. Era grande e muito bonita.
- Olha Felipe, eu só estou dizendo para você ter cuidado com essa garota, ta?
- Tchau Vítor, tchau.
Caminhei mais algum tempo até em casa e no caminho fui pensando. Por quê ele não gostava dela? Ela era muito legal, comigo e com ele. Ela não fez nada de estranho, quer dizer, além de falar comigo, mas ele não pode deixar de gostar dela só por isso. Eu não quero que ele seja o melhor amigo dela, mas também não quero que ele a odeie.
Parei na frente da minha casa, que era bem menor que a de Vítor, tinha só 4 quartos, era pintada de azul claro com janelas e portas brancas. Eu não gostava da minha casa, era muito feminina, pois foram as minhas irmãs que escolheram a cor. Mas, pelo menos, não era cor de rosa.
Entrei em casa e Heloísa logo veio gritar comigo:
- Felipe!!!!! Você não pode entrar com os pés sujos dentro de casa! Você não tirou os sapatos! Eu vou contar tudo pra mamãe.
- Conta Heloísa, pode contar. Conta também que meu nome é Felipe e que eu tenho 13 anos de idade, aposto que ela ainda não sabe.- O lábio inferior dela começou a tremer e seu rosto começou a ficar parecido com um balão vermelho. Ela ia chorar.
- MANHÊÊÊÊÊ!!!!!!!!!!- Gritou ela com toda a força que tinha. As lágrimas escorriam como cascatas pelo seu rosto- Mãe!!! O Felipe gritou comigo! Ele é mau mamãe, muito mau!!!- Depois de dizer isso subiu correndo as escadas em direção do escritório dos meus pais. Algo me dizia que eu estava encrencado.
Corri para o meu quarto o mais rápido que pude. Eu não queria levar uma bronca da minha mãe, não mesmo. Por quê? Bem, eu raramente via a minha mãe e, quando via, ela sempre brigava comigo. Eu não entendia porque, era como se esse fosse o trabalho dela como mãe.
- Felipe McDonald, o que você fez com a sua irmãzinha?- Minha mãe estava na porta do meu quarto. Por ela ter usado o meu último nome, eu presumi que ela realmente estava brava.
- Mãe, eu posso explicar...- O som do telefone tocando me salvou. Corri na direção da música repetitiva que salvara minha vida.
- Alô!?
- Oi, Felipe?- Bell? Como ela tinha conseguido o meu telefone?
- Isabel?
- Oi, desculpa te ligar, mas é que eu não sei as páginas do dever da matemática, você pode me passar?
- Ah... er... claro, só... só me da um minutinho.- Dever de matemática, certo, se eu tivesse sorte eu sabia as páginas, mas era bem provável que não. Peguei a minha agenda, nada lá, peguei meu caderno, também não tinha nada lá.
- Ahn... Bell... eu não sei as páginas... podemos dizer que...
- Sua mãe esta prestes a brigar com você?
- É. Como você sabe?
- Intuição. Quer que eu enrole um pouco no telefone pra ela esquecer da bronca?
- Sim, por favor!
- Ta bom.
- Obrigada.- Passamos mais ou menos meia hora no telefone até a minha mãe sair dali e me deixar em paz.
- Bell, ela já foi.
- Ah, certo, então tchau, até amanhã.
- Certo, até amanhã.- Desliguei o telefone e fui para o quarto. Pelo visto a minha vida ia começar a melhorar.
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