sexta-feira, 8 de outubro de 2010

9- Engulo uma crítica indireta

  Se tinha uma coisa que eu não queria naquele dia era ter contato direto com mais algum vampiro, além de Isabel, mas pelo visto não tinha muita escolha: ou morrer ou falar com a suposta "amiga" de Bell. 
  Nós paramos em frente a uma pequena loja de tijolos, sem janelas e com as portas abertas. Acima de nossas cabeças havia uma plaqueta de madeira velha que balançava com a brisa gelada, fazendo um barulho desagradável e irritante. Nela estava escrito algo como "Аптека", talvez fosse uma palavra russa, ou da língua que se fala na Roménia. 
  - Vamos, Berta já deve estar lá dentro.- Segui ela até uma pequena e apertada sala, uma espécie de cozinha estranha. Lá dentro havia uma mulher alta e um "pouquinho muito" fora do peso, que provavelmente era a cozinheira. Ela tinha cabelos tingidos de loiro e curtos presos em um rabo-de-cavalo, olhos castanhos e bochechas rosadas que se destacavam em sua pele pálida. 
  - Isabel, minha amiguinha! Como você cresceu criança, já parece até uma moça!- Isabel corou
  - Berta, eu só tenho 13 anos, não sou uma "moça"ainda. Bem, a minha idade não vem ao caso, o que importa é que , como você deve ter percebido, o meu amigo é 100% humano. Você também deve imaginar que eu quero que ele continue vivo, certo? Então será que você não tem uma coisinha ai para disfarçar o cheiro dele?
  - Oh, bem!- Disse Berta colocando o grande nariz pálido na frente do meu rosto- Ele realmente tem um cheiro bem humano. Vou ver o que posso fazer.- Tentei não ficar ofendido com o comentário sobre meu cheiro. - Agora é melhor esperarem lá dentro crianças, eu vou ver o que posso fazer por ele, mas pode demorar, então fiquem lá, é melhor.
  Passamos por uma porta que até então que não tinha percebido e entramos em outra sala apertada. Nela haviam duas poltronas vermelhas velhas, um lustre caindo aos pedaços, cortinas velhas e um tapete persa caríssimo que dava um toque de luxo a decoração. Isabel se sentou em uma das poltronas e eu me sentei na outra. 
  - Aonde você a conheceu?- Perguntai tentando puxar assunto
  - Aqui mesmo, eu meu pai sempre vínhamos a farmácia para compara alguma coisa.- Sério mesmo que aquilo era uma farmácia? Achei que fosse um restaurante falido.
  - Entendo. Isabel, me diz uma coisa, o que aconteceu com a Vanessa? Quer dizer, você me falou que ela virou vampira, não é?
  - Ela é a chefe da ordem.
  - Como assim? Ela é malvada agora? Ela é... a "chefona"?
  - É alguma coisa desse gênero. Ela mudou muito ao longo dos anos. A ídeia de não morrer nunca lhe subiu a cabeça, ela ficou um pouco mais vampira do que humana, se esqueceu completamente de quem realmente é. 
  - Quer dizer que é ela quem mandou seu pai ir para o Brasil?
  - Não, mas é provável que tenha sido ela quem trouxe Vítor para cá.
  - Entendi. Você teria coragem de lutar contra ela?
  - Coragem? Sim. Sabe, depois que minha mãe morreu Vanessa prometeu que nunca ia me deixar sozinha, mas não demorou muito para essa promessa ser quebrada. É difícil falar, mas acho que guardo um certo rancor, um certo ódio dela.- Nunca imaginei que aquela garotinha com cara de anjo sentisse ódio de alguma coisa, ou de alguém, mas pelo visto, nem ela era perfeita.
  - Crianças!- Chamou Berta de dentro do lugar que agora eu achava ser um laboratório- Venham, já sei como dar um jeito no garoto. Pude ver uma lágrima cintilando no rosto de Isabel, mas deixei para lá, deveria ser muito difícil pensar em tudo isso.
  Fomos até o laboratório e Berta me deu uma coisa branca para tomar. Tinha um gosto estranho, como um remédio de tutti-frutti para crianças. Na mesma hora que o líquido passou pela minha boca, já senti o efeito. Eu nunca tinha me sentido tão limpo. Eu não sentia nenhum cheiro saindo de mim, nem suor, nem bafo de algum tempo sem escovar os dentes, nada, apenas um cheiro frio e indefinido. Um cheiro de vampiro.

Um comentário:

  1. uau amigaaaa!ta demais!!ameii!continua ok?to super curiosa pra saber o resto!!!ta mto profissional!!parabens amiga!!bjuuus!


    by:tete

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