segunda-feira, 11 de outubro de 2010

12- Aquilo que mais me importa esta comigo

  Berta não demorou muito para ir até o "quarto de hospedes" para ver o que estava acontecendo.  Quando ela chegou, já estávamos nos preparando para sair. Eu fui obrigado a sair do quarto e esperar do lado de fora até as meninas terminarem de se arrumar, mas tudo bem, era melhor assim.
  - Mas, já vão?- Perguntou Berta com voz de quem vai começar a chorar.
  - Sim minha amiga, temos um longo caminho até o castelo, quanto antes sairmos daqui, antes chegamos lá. Mas prometo que vou visitar você quando voltarmos, esta bem?
  - Certo, mas venham, porque tenho me sentido muito sozinha ultimamente.
  - Esta bem, não se preocupe que estaremos aqui dentro de, no máximo, dois dias.- Isabel sorriu, fazendo com que Berta também sorrisse.
  - Vou esperar por vocês.
  Todos nos despedimos de nossa anfitriã e continuamos nosso caminho até o outro lado da cidade. Eu ainda estava com medo de ir até lá, quase havia me esquecido de que Vítor estava naquele lugar, mas com minhas duas "irmãs" ao meu lado, eu sabia que daria tudo certo.
  Alguns metros depois da farmácia, Sara começou a falar.
  - Eu estou com muito frio! Alguém tem um casaco pra mim? Se não, vou virar um saracolé!- Tirei meu casaco e vesti nela.
  - Esta melhor?
  - Sim. Obrigada Felipe.
  - De nada.
  - Como é lá Isabel? Porque vamos até esse tal castelo? Tem muitas pessoas dentuças lá? Quer dizer, iguais aquelas que...
  - Sara- Isabel se abaixou na frente dela.- Acho que já esta mais do que na hora de eu te contar uma coisa.
  - O que?
  - Promete que não vai ficar com medo de mim?
  - Por que eu ficaria? Você é minha irmã, lembra?
  - Ta bom então, lembre de que você prometeu.- Ela se levantou e olhou para mim.- Felipe, é importante que ela saiba, mas é bom você ficar perto dela, ela pode ficar com medo.
  - Esta bem.- Respondi, mesmo achando que era uma péssima ideia. Me dirigi para o lado da pequena menina, que já estava ficando com medo de tudo aquilo.
  Isabel fechou os olhos e respirou fundo. Eu sabia que ela não iria se transformar completamente, afinal, era muito exaustivo e assustava até os outros vampiros, Sara iria ter um ataque cardíaco. Ela encheu os pulmões com o ar gelado que havia a nossa volta, apertou um pouco os lábios, mas logo relaxou de novo, talvez porque os dentes não a deixassem ficar daquele jeito. Ela abriu os olhos, que já estavam parcialmente vermelhos,e sorriu para Sara, mostrando também os dentes afiados.
  - Você... Não!- Gritou Sara- Não é verdade! Você... você não pode ser um deles, não pode, é minha amiga, não é igual a nenhum deles! Não pode ser!- Ela tentou correr, mas eu segurei antes que pudesse ir muito longe. Isabel veio para perto dela e se abaixou de forma que ficasse da sua altura, fixou os olhos cor de sangue nos de Sara e colocou as mão em seus ombros.
  - Você tem razão Sara, não sou igual a nenhum deles, eu não sou malvada como eles, sou sua irmã, esta  lembrada? Não vou te fazer mal, não vou fazer mal a ninguém que você goste, sou sua amiga!- A menina  desviou o olhar, mas Isabel a obrigou a olhar nos olhos dela. Ela já voltava a forma humana, seus olhos estavam voltando a ser azuis e seus caninos estavam diminuindo.
  - Porque você é assim?
  - Porque nasci com uma doença e, se não fosse transformada em vampira, morreria. Meus pais só fizeram isso para o meu bem, mesmo que as vezes que acho que a morte é melhor do que essa vida.
  - Isabel!!- Bronqueei- Não repita isso, nunca mais! Me promete que você nunca mais vai dizer isso!- Quando me dei conta já estava parado na frente dela, ajoelhado na mesma altura, eu segurava suas mão com tanta força que já estavam ficando roxas. Também percebi que haviam lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Talvez eu estivesse com medo de que meu sonho acontecesse, mas de qualquer forma, algo não me deixava soltar as mãos dela, era como se não quisesse a deixar ir.
  - Calma Felipe, não se preocupe. Não acho que seja tão fácil assim que eu morra.- Ela conseguiu tirar uma das mão da "prisão" e a colocou no meu rosto. Eu nunca tinha percebido como ela era fria.- E, se alguma coisa acontecesse comigo, seria para proteger você, ou Sara, para que não se machuquem nunca.
  - Não!!!- Agora quem estava gritando era eu- Não, você não pode! Me prometa que nunca aceitaria morrer por minha causa, eu me culparia pelo resto da minha vida.- Ela sorriu. Aquele sorriso lindo e perfeito que sempre conseguia me fazer feliz. Ela não precisou dizer mais nada, eu sabia que ela estava bem e que sempre estaria, acontecesse o que fosse, mas ela estaria bem, e era isso que me importava.

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