domingo, 17 de outubro de 2010

15- O castelo da ordem


   - É ali.- Disse Isabel apontando para as torres de pedra logo a nossa frente.- É muito grande por fora e maior ainda por dentro, portanto fiquem perto de mim, eu estou um pouco mais acostumada com o lugar do que vocês.-  Ela piscou um dos olhos, tentando parecer animada, mas ainda assim não me ajudou muito. Por mais que eu estivesse tentando parecer o mais seguro possível, por causa de Sara, mas acho que eu não estava conseguindo, pois até a pequena garota tentava me acalmar com sorrisos discretos e brincadeiras. Ela é uma gracinha, mas ainda assim, não conseguiu melhorar muito a minha situação. 
   Aquela sensação de desconforto só aumentava a medida que nos aproximávamos  do castelo. Eu já não conseguia nem prestar muita atenção no que Isabel ou Sara falavam, era muito difícil me concentrar em qualquer coisa além do fato da minha morte se aproximar mais a cada passo que eu dava, ou pelo menos, isso era o que eu imaginava.
   Paramos na frente da enorme porta. Era feita de cedro, as dobradiças eram de ferro negro e ela era muito, muito alta. Mas, o castelo também não era nem um pouco humilde, era como uma igreja gótica só que mais antigo, mais bonito e muito, muito mais sombrio. Era difícil dizer tudo o que se sentia ao olhar aquela maravilhosa construção. Ao mesmo tempo que ela era extremamente assustadora, como se o terror os olhos que por ali passaram fossem os porteiros do lugar.
   - Chegamos. Aqui é a sede da Ordem.- Eu conseguia ver que, de certo modo, até Isabel estava com medo de entrar no lugar. Ela sabia muito melhor do que eu e Sara o que nos esperava ali dentro.
   - Certo, como faremos para entrar?
   - Bem, é só...- Ela hesitou por um bom tempo antes de responder.-  Não sei ao certo, mas vou pensar em alguma coisa rapidamente. Esperem apenas um minuto.
   - Você parece minha avó falando assim.- Comentou Sara
   - Me desculpa. É o lugar, me deixa nervosa, é como se eu voltasse no tempo até a época em que o Conde reinava sobre a Transilvania.
   - Esta bem, mas pare com isso, esta me assustando também.- Acrescentei.
   Ficamos parados ali, na porta do magnífico castelo, por mais ou menos uma hora, sem que ninguém nos visse ou percebesse a nossa presença.
   - Já sei!- Exclamou Isabel.- É tão simples, como não pensei nisso antes. Venham, vamos andar mais um pouco.
   Demos uma volta quase completa pelo castelo e paramos diante de uma porta pequena.
   - É a porta dos empregados, se conseguirmos nos disfarçar...
   - E por quê não conseguiríamos? - Parecia tão simples abrir a porta e entrar que não consegui resistir a perguntar.
   - Porque a Ordem gosta de manter as coisas como na idade Média. Os empregados e empregadas tem que usar roupas antigas, como vestidos longos e anáguas. Temos que conseguir roupas assim. Bem, não importa, vamos entrar.- Com certeza as nossas roupas nem um pouco "século sei lá o que" dificultariam a nossa entrada, mas eu confiava em Isabel acima de tudo, por isso sabia que ela iria conseguir.
   Ela colocou o capuz do casaco na cabeça e mandou que Sara fizesse o mesmo. Eu tinha dado meu casaco para a pequena, por isso ficaria sem e proteção na cabeça, mas isso era o de menos. Isabel empurrou a pequena porta, que por sinal era mais pesada do que aparentava ser, e uma pequena fresta se abriu, apenas o suficiente para que nós três entrássemos no castelo.
   Entramos em uma estreito corredor mal iluminado. As paredes e o piso eram feitor de pedra e isso dificultava bastante a locomoção, mas ainda assim nós conseguíamos andar. Isabel pegou uma tas tochas que estavam presas na parede e me mandou que fizesse a mesma coisa. 
   Com as tochas nas mão nos esgueiramos pelos corredores, evitando criados, guardas e qualquer outra pessoa que não fosse eu, Isabel ou Sara. Logo conseguimos sair do "chão de pedra" e fomos parar em alguns corredores melhores iluminados e com chão de mármore.
   - Certo, Felipe, você pode apagar a tocha e deixa-la aqui.-  Ela apontou para um grande prato dourado que estava apoiado em uma mesinha baixa. Eu obedeci e ela prossegui.- Bem, agora que saímos da área dos empregados, temos que ser muito diretos, cada segundo aqui dentro é crucial, se desperdiçarmos um único segundo nossas vidas podem estar em risco e nossa missão destruída. Fiquem perto de mim, sigam todos os meus passos exatamente, pois esse lugar é cheio de armadilhas.- Podemos dizer que a frase dela não me acalmou muito.
    Ela seguiu em frente pelo longo e largo corredor, se esgueirando para as sombras sempre que surgia uma oportunidade. Ela já não parecia ser aquela doce garota que eu conhecia, agora parecia realmente uma caçadora astuta e atenta, com certeza conseguiria alcançar seus objetivos. Continuamos seguindo-a sem nenhuma pressa, já que quando ela parasse, ou a nossa morte finalmente chegou, ou algum perigo muito perigoso estava ali. 
   Passamos por vários corredores, várias portas, quase nenhuma janela e por algumas pessoas antes de pararmos em frente a uma enorme escadaria.
   - Subindo essas escadas vamos estar quase chegando no salão principal.
   - Vítor não vai estar no salão principal, vai?
   - Provavelmente não, mas a única maneira de chegar até os calabouços é passando por ali, já que a Ordem tem que examinar todos os prisioneiros antes de serem mandados para as celas, por isso temos que entrar, mas isso vai ser muito mais difícil do que entrar pela porta do empregados.- Ela se sentou em um dos degraus da escada e apoiou a cabeça em uma das mãos.- Se pelo menos Glória viesse até aqui...
   - Quem é Glória?
   - É uma amiga minha que serve a Ordem, ela com certeza pode entrar lá.
   - Não podemos considerar a ideia de subir primeiro e ver se a porta esta aberta?
   - Não, a porta nunca esta aberta.
   - Isabel?- Chamou uma voz baixinho.- Isabel, é você?
   - Glória!, minha amiga!- Isabel se levantou e foi em direção a voz. Uma jovem esbelta de cabelos castanhos, olhos azuis e um belo rosto veio abraçar Isabel. A jovem usava um longo vestido marrom, como aqueles que eram usados antigamente. Glória tinha uma beleza encantadora, era como uma princesa de contos de fadas, era mesmo linda.
   Isabel me cutucou levemente, talvez porque eu não conseguisse tirar os olhos da beleza de sua amiga e todos já tivessem notado isso, menos eu.
   - O que você faz aqui?- Perguntou Glória.
   - Isso não importa, mas preciso da sua ajuda para uma coisa.

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