quarta-feira, 6 de outubro de 2010

8- Vejo uma luta de vampiros

  Saímos do aeroporto e, assim que consegui ver o que existia alem daquelas enormes portas de vidro, entendi porque os vampiros escolheram aquele lugar para morar. Era lindo e sinistro, a neve tapava todo o chão, as construções todas em estilo medieval, es pessoas que caminhavam nas ruas evidentemente não eram humanas. Todas pálidas, como se nunca tivessem pego sol na vida, os olhos pareciam mostrar o terror que causavam em suas vítimas, as roupas de inverno escondiam quase tudo o resto, mas algo me dizia que os dentes afiados e pontudos também estavam ali.
  - Eles me dão um pouco de medo.- Falei baixinho para Isabel
  - Eles dão medo em todo mundo. É quase impossível não ficar apavorado quando mostram o rosto inteiro.
  - Você fala como se não fosse um deles.
  - É que eu não me pareço com eles, então finjo que não sou. Esses vampiros aqui de Sighisoara matam por prazer, por isso não conseguem voltar totalmente a forma humana, então ficam assim, com a transformação pela metade.
  - Matam por prazer? Quer dizer que todos podem ser mortos por eles, até você?
  - Não, eles não podem matar vampiros. Nós não temos sangue no corpo, eles não conseguem nos matar, apenas nos causar dor.
  - Muito animador.- Agora eu estava com medo de verdade, se eles conseguiam causar dor em alguém que nem sequer pode morrer, imagine em um mortal qualquer como eu.
  Continuamos andando. Isabel parecia calma, com se soubesse exatamente o que estava fazendo, mas eu não sabia e não estava nem um pouco calmo. Não conseguia parar de olhar para os lados, tinha que ter certeza de que ninguém estava tentando me matar. Qualquer um para quem eu olhasse me mandava um olhar assassino como resposta, ou um barulho estranho, como o que um gato arisco que se sente agredido, um certo tipo de chiado.
  Até que estava indo tudo bem, até que um "homem" pálido, alto e magro parou na nossa frente.
  - Ora, ora.- Disse ele- Veja quem eu encontro por aqui, a caçula dos Stoker. E ela trouxe o jantar! Mas que bom, o conde vai adorar encontra-los por aqui.- Conde? Ai não, ele disse mesmo conde? Tipo o Conde Drácula? Eu estava morto e não havia se passado nem um dia de viagem ainda.
  Os olhos do homem começaram a ficar muito vermelhos, ainda mais vermelhos que os de Isabel, se é que isso era possível. Ele tirou o cachecol da frente da boca e eu pude ver seus dentes sujos de sangue. Mas, não era sangue seco ou alguma coisa do tipo, era sangue vermelho vivo, como se tivesse acabado de ser "arrancado" do seu verdadeiro dono.
  - Desculpe Radu, mas ele não é o seu jantar e eu não estou com muita vontade de ver o conde hoje.- Os olhos dela também começaram a ficar vermelhos, as presas começaram a crescer, a pela ficou ainda mais branca do que o normal. Ela estava me dando muito medo. Isabel fez aquele chiado de gato arisco, que me pareceu um tipo de ameaça vindo dela. O vampiro repetiu o chiado.
  - É melhor você não me ameaçar, senhorita. Não é muito seguro para você, afinal, se me lembro bem, você e seu pai foram banidos, não é?
  - Não fale de meu pai!- Isabel investiu para cima dele, era lógico que ela tentava morde-lo de alguma forma, para... como mesmo ela havia dito? Causar apenas dor.
  Ela conseguiu atingi-lo no ombro e a expressão dele mudou de ameaçadora para apavorada. A dela também, mas ela não estava apavorada, estava sofrendo por fazer aquilo, ela mesma havia me dito que não gostava de ser vampira.
  Ela soltou o ombro de Radu e caiu aos meus pés. Ela colocou a mão sobre o local da mordida, chiou novamente para ela e saiu correndo pela rua, na direção do castelo.
  Me abaixei para poder ajudar Isabel, que já voltava a sua forma original. Ela parecia estar desmaiada, mas não estava, pois se levantou um pouco e recuperou o fôlego.
  - Aquilo foi incrível, não sabia que você era tão forte.
  - Não Felipe, não foi incrível. Agora o conde vai saber que estamos aqui e nossa vida vai ficar bem mais difícil.
  - Você esta bem?- Pude ver que ela ainda estava abatida pela mordida.
  - Não, aquela transformação total e repentina me deixa exausta. Eu não vou conseguir fazer aquilo de novo, então é melhor que você não chame muita atenção.
  - Eu chamo atenção?
  - É claro, ou você acha que um humano passa despercebido por aqui? Eu também chamo um pouco de atenção, mas eles sabem que não sou humana, agora você, pelo visto não tem nem um pingo de sangue vampiro, é totalmente humano.
  - Vou tentar não levar isso como uma ofensa.
  - Temos que disfarçar o seu... cheiro. Venha, acho que tenho uma amiga que pode ajudar.

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